terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Água de Reuso, uma solução para o meio ambiente e uma proposta de economia para as empresas.

Por Jorge Paulino
Engenheiro Eletricista

Algumas empresas começam a adotar a política de utilização do reuso de água, que também já está sendo implantado em algumas Universidades Públicas.
O Reuso Planejado faz parte da Estratégia Global para a Administração da Qualidade da água, proposta pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
No Rio de Janeiro, a UFRJ implanta o seu projeto de reuso de água, prevendo uma economia de R$ 80 mil por ano com abastecimento, a partir de um investimento inicial de R$ 15 mil. Segundo seu coordenador, o professor Isaac Volschan Jr, o projeto trará uma economia de 24 mil litros diários de água potável.
Desde 1980 a Sabesp recicla a água nas próprias instalações, o sistema foi adotado nas estações de tratamento de água que após todas as fases a água sai sem 98% das impurezas.
A água proveniente da limpeza dos filtros volta ao processo inicial, evitando com isso desperdícios e custos operacionais.
Atualmente, na Região Metropolitana de São Paulo, são reaproveitados 948 milhões de litros de água por ano. Os custos são reduzidos e variam de R$ 0,48 por mil litros para órgãos públicos e R$ 0,81 por mil litros para empresas privadas.
A água de reuso pode ser utilizada em descargas, irrigação de jardins e canteiros, limpeza de vias públicas, geração de energia ou em outros processos industriais.
Basicamente, as Estações de Tratamento de Esgotos (ETE’s) consistem em unidades de tratamentos primários, secundários, terciários para desinfecção do efluente e uma unidade para armazenar a água.
Cada litro de água reutilizado corresponde a um litro de água disponível para o abastecimento público, contribuindo para a preservação dos recursos hídricos, bem como redução de custos tarifários a prefeituras, comércio e indústria.
Empresas que prestam serviços de perfuração para instalação de tubos da Comgás também adotam alternativa ambientalmente responsável.
Em janeiro de 2008 a Sabesp e o Pólo Petroquímico Capuava deram início às obras para o fornecimento de 600 a 1000 litros por segundo de água de reuso para utilização nas torres de resfriamento e sistemas de caldeiras.
A Santher - Fábrica de Papel Santa Therezinha S.A. também utiliza 60 milhões de litros de água por mês.
A demanda por água no processo industrial é cada vez maior devido à expansão dos negócios e a busca por soluções ambientalmente corretas que atendam aos padrões de qualidade exigidos na produção.

Fontes: Sabesp e UFRJ

Uma excelente dica de leitura é o texto do site da NaturalTec - Tratamento de Água disponível em http://www.naturaltec.com.br/Tratamento-Agua-Reuso.html

Autorizada a reprodução total ou parcial deste Artigo, desde que citada a fonte. Vedada a memorização e/ou recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de trechos ou partes, em qualquer sistema de processamento de dados.

Artigo Publicado no site http://engenharianodiaadia.blogspot.com/

sábado, 23 de janeiro de 2010

Sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA)


Por Jorge Paulino

Engenheiro Eletricista

Artigo escrito e publicado em:

http://engenharianodiaadia.blogspot.com/

http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/sistema-de-protecao-contra-descargas-atmosfericas-spda-1308167.html

Desde o período Paleolítico, o hominídeo já temia “as forças da natureza” – principalmente os vulcões e as descargas atmosféricas.

Os primeiros estudos sobre a eletricidade atmosférica, foram realizados no século XIII por Benjamin Franklin, por meio de um experimento que consistia na colocação de uma haste metálica abaixo de uma nuvem de tempestade. No experimento ele faria a aproximação de um corpo aterrado em contato com o solo, na nuvem, sendo a energia descarregada pela haste.

Em maio de 1752, o cientista francês Thomas-François D'Alibard (1703-1799) realizou o experimento proposto por Franklin, levantou uma barra de ferro pontiaguda na direção das nuvens de tempestade, e aproximou desta um fio aterrado, verificando que faíscas saltavam do mastro para o fio, sendo assim comprovou a hipótese de Franklin, se estabelecendo o princípio do funcionamento dos pára-raios.

As Descargas atmosféricas apresentam uma complexidade, no que se refere à natureza física do fenômeno e seus efeitos que, em muitas vezes, são severos para a sociedade pelo seu alto grau destrutivo.
Estima-se que no Brasil, a incidência de descargas, cause perdas econômicas na ordem de milhões de dólares e, anualmente, a morte de mais de cem pessoas.

O raio, é um dos impulsos elétricos de uma descarga atmosférica para a terra, nada pode ser feito para impedir a ocorrência desse fenômeno da natureza. Apenas podemos impedir que a queda de um raio em determinado local ou estrutura, cause danos catastróficos.

A instalação dos Sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) é uma exigência do Corpo de Bombeiros, regulamentada pela ABNT segundo a Norma NBR 5419/2001, e tem como objetivo evitar e/ou minimizar o impacto dos efeitos das descargas atmosféricas, que podem ocasionar incêndios, explosões, danos materiais e, até mesmo, risco à vida de pessoas e animais.
Podemos definir o pára-raios como um conjunto de elementos compostos de um sistema de captação aérea (captores); sistema de descida, que liga o captor ao aterramento e sistema de aterramento, por onde a descarga se dissipará.

A “Área de proteção” de um pára-raio não é estática, é previamente definida dependendo dos fatores dinâmicos. Tais como: a forma da estrutura a serem protegidas, as massas metálicas e objetos metálicos na parte externa da edificação, variações térmicas, intensidade do campo elétrico da região a ser protegida etc.

Os principais métodos de proteção são:

Método Franklin

Baseado na proposta feita por Benjamim Franklin, vem sofrendo aperfeiçoamentos durante o tempo. Segundo a norma vigente, os pára-raios do tipo Franklin são instalados para proteger o volume de um cone, onde o captor fica no vértice e ângulo entre a geratriz e o centro do cone, variando de acordo com o nível de proteção e a altura da edificação (NBR5419/2001).

Método Gaiola de Faraday

O método consiste em instalar um sistema de captores formado por condutores horizontais interligados em forma de malha, método muito utilizado na Europa. É baseado na teoria de Faraday, segundo a qual, o campo no interior de uma gaiola é nulo, mesmo quando passa por seus condutores uma corrente de valor elevado, para isto, é necessário que a corrente se distribua uniformemente por toda a superfície. Quanto menor for a distância entre os condutores da malha, melhor será a proteção obtida (NBR 5419/2001).

Método Eletrogeométrico

Modelo Eletrogeométrico também conhecido como esfera rolante, esfera fictícia ou método da bola é uma evolução do método de proteção tipo Franklin, onde a tangente ao invés de ser reta é parabólica. Este método surgiu na década de 70 e foi desenvolvido pela engenharia de linhas de transmissão da Europa com o objetivo de minimizar os danos materiais com desligamentos dessas linhas. Em síntese este modelo consiste, em fazer rolar uma esfera fictícia sobre a edificação, em todos os sentidos, determinando assim os locais de maior probabilidade de serem atingidos por uma descarga atmosférica tendo como preceito que esses locais são locais com potencialidade de gerar lideres ascendentes que deverão se precipitar ao encontro com o líder descendente.

Pode-se também utilizar a combinação desses métodos.

Cuidados na instalação de Sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA)

As exigências do uso do sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) pelo Corpo de Bombeiros são em edificação, estabelecimentos industriais ou comerciais com mais de 1500 m2 de área construída, em edificação com mais de 30 metros de altura, em áreas destinadas a depósitos de explosivos e inflamáveis, e em outras edificações a critério do Corpo de Bombeiros, quando a periculosidade se justificar; e devem obedecer a critérios de confiabilidade e de segurança.


Na execução

A execução do sistema começa pela contratação de uma empresa especializada em SPDA. Deve, como em qualquer outra atividade, atender a todos os requisitos (trabalhadores legais, encargos sociais em dia etc.), e que sigam as exigências de segurança no trabalho (treinamento de segurança básico, treinamento específico para trabalho em altura, NR-10 etc.). Os trabalhadores devem ser treinados e utilizar EPIs adequados a cada tarefa. A empresa deve realizar um estudo preliminar de riscos e apresentar medidas preventivas de segurança. Durante a realização dos serviços, deve-se realizar uma fiscalização permanente.

No Controle da qualidade

O controle de qualidade começa pela especificação correta, no projeto, nos materiais com as características previstas em norma. Todos os materiais deverão ser rigorosamente vistoriados e conferidos para evitar retrabalho e problemas legais.

Na Manutenção

Os SPDAs devem passar por inspeções visuais anualmente e inspeções completas (de acordo com o nível de proteção requerido), e nessas inspeções deverão ser identificadas eventuais irregularidades e, no caso, corrigidas imediatamente para garantir e eficiência do sistema.

Não existe uma proteção 100% segura, mas sim a utilização de dispositivos de proteção que diminuam os riscos e a probabilidade de danos aos equipamentos e instalações e/ou estruturas físicas ao serem atingidas.

É imprescindível a divulgação e difusão dos conhecimentos capazes de subsidiar a definição e a adoção de práticas eficientes para minimizar os efeitos destrutivos das descargas.

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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

E quem será responsabilizado?



Por Jorge Paulino

Engenheiro Eletricista

Passado a comoção das tragédias, se faz necessário a reflexão do que causou essas calamidades.

Inundações, deslizamentos de terra e desabamentos de residências, são conseqüências do aquecimento do planeta? Ou esses desastres foram ocasionados pela ocupação e intervenção do homem no ecossistema? Ou o desconhecimento do histórico de fenômenos naturais na área?

Sim, todas as preposições estão corretas.

Mas o que aconteceu no Rio de Janeiro e em Angra dos Reis?

A alta pluviosidade foi um dos principais condicionadores dos movimentos do solo, nas zonas morfológica e geologicamente susceptíveis a estes fenômenos, os movimentos não ocorreram somente diante dos excepcionalismos pluviométricos.

O desgaste das rochas pela ação do sol, dos ventos e das chuvas, ocasionou a erosão criando uma camada espessa (entre a superfície e a rocha dura), extremamente permeável.

Quando chove muito, a água ocupa toda essa camada que encharcado e pesado tornam os deslizamentos inevitáveis, mas é relativamente possível calcular os riscos e impedir construções e a permanência humana em algumas zonas mais críticas.

Em meu artigo “O ciclo das águas“, publicado em Agosto de 2009, eu tracei um paralelo entre as forças da natureza e a intervenção do homem no Ecossistema.

Precisamos repensar na ocupação desordenada do solo urbano, nos projetos de arquitetura, nos novos empreendimentos e principalmente nas características de cimentização e verticalização das cidades.

O que o homem toma da natureza, será cobrado mais tarde, e com o sacrifício de vidas.

As conivências dos nossos governantes com o poder econômico e com o poder político sempre acarretam tragédias.

Mas quem será responsabilizado?

Certamente responsabilizarão a fúria da natureza!

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Reproduzo agora o Comentário do Engenheiro Civil, Wanderson T. de Souza, sobre a tragédia de Angra dos Reis.

Caro colega, Eng. Jorge Paulino as tragédias ocorridas eram previsíveis, tanto em Angra quanto no Rio de Janeiro.
Perfeito as indagações do texto.

Sim, existem históricos de acontecimentos nas regiões e a intervenção danosa do homem no ecossistema.

Como Engenheiro Civil, posso afirmar que suas considerações quanto aos deslizamentos e desabamentos das residências estão corretas.

Aqui em São Paulo as constantes inundações fazem parte de uma rotina quase que diária.

É de impressionar?

Não, é previsivel.

É exatamente o descrito em seu artigo "O Ciclo das Águas", o crescimento desordenado dos Centros Urbanos, a cimentização tornando a cidade mais impermeável e a verticalização mudando o micro clima da região.

Medidas urgentes precisam ser tomadas tais como:

1- novos formatos de projetos de Prédios e Edificações com captação das aguas Pluviais;
2- a criação de mais áreas verdes e com permeabilidade;

3- a desocupação das áreas de inundação nas margens dos rios e o estudo de vazão dos rios para a definição das suas calhas;

4- a criação de cinturões verdes nas encostas.


Espero que tenhamos um 2010, iluminado e menos trágico, precisamos lembrar o grande Tom Jobim e a sua melodia "Águas de Março fechando o verão"


Eng. Wanderson T. de Souza


Republicação do artigo "O Ciclo das Águas.", escrito pelo Engenheiro Jorge Paulino para o blog GamaCoopera em agosto de 2009, e também publicado nos sites Artigonal e A Engenharia no dia a dia

Ciclo das Águas.


Por Jorge Paulino

Engenheiro Eletricista

O modelo atual de crescimento urbano, é o exemplo em que as mudanças radicais impostas pelas atividades humanas, produzem condições atmosféricas diferentes das encontradas em algumas décadas atrás.

As metrópoles criaram um processo de cimentização da paisagem, com ocupação e especulação desenfreada que destruiu as áreas destinadas ao alagamento.

A desordem urbana determinou o fim das margens dos cursos d’água, das matas ciliares, dos rios, modificando todo o ecossistema da região.

As enchentes, sempre fizeram parte de um ciclo natural, o “ciclo das águas e da vida”, e nós precisamos rever essa relação Homem/Natureza.

A natureza deve ser respeitada, não devemos tentar exercer sobre ela um domínio supremo.

Rios caudalosos e com grande volume de água, tem seu percurso em formato curvilíneo como uma serpente se deslocando nas planícies.

O formato evita o aumento da velocidade das águas em épocas das chuvas.

Porque retifica-lo?

As áreas cobertas de asfalto e cimento tornam o solo totalmente impermeável, impossibilitando a absorção da água da chuva pela terra, fazendo a água correr mais rápidas, atingindo a cidade rapidamente, afinal não podemos reduzir o volume de chuvas.

Precisamos sim, despertar a consciência nas crianças e nos jovens da importância do descarte correto do lixo, não devemos jogá-lo nos rios – pois além de poluí-los, causaremos o assoreamento e acumulo nas bordas- deixando-os mais rasos e estreitos, e possivelmente causando, transbordamento nas cheias.

Precisamos sim, cobrar do poder público, planos e projetos embasados em uma visão de ocupação e uso sustentável do solo, respeitando os processos ecológicos naturais.

Não existem mágicas para evitar os transbordamentos dos rios e os alagamentos das vias públicas, mas algumas mudanças nas estruturas dos grandes centros urbanos podem minimizar o efeito do excesso de água.



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